quarta-feira, 24 de julho de 2024

33 Anos do Opinião Pública

Em 25 de Abril de 1974 tínhamos três semanários em Vila Nova de Famalicão todos impressos: o Notícias de Famalicão, o Estrela da Manhã (continuador do Estrela do Minho) e o Jornal de Famalicão. Viviam das assinaturas e da publicidade com redacções mínimas. Destes, só o Jornal de Famalicão sobrevive, o que é notável e apenas se explica por uma homenagem continuada ao seu fundador, por parte da família.

Durante os 50 anos seguintes houve na sede do concelho um conjunto de iniciativas jornalísticas que merecem ser recordadas. A primeira coube ao Dr. Joaquim Loureiro e alguns amigos que fundaram o jornal “Democracia do Norte” (1976)  com um âmbito que extravasava o nosso concelho e que foi de curta duração.

Pouco depois, surgiu o jornal quinzenal Vila Nova (1982)  criado fundamentalmente por um conjunto de famalicenses próximos do Partido Socialista, com reuniões iniciais no escritório do Dr. Joaquim Loureiro, situado na esquina da Rua Santos Viegas com a Rua São João de Deus. Durou mais de 20 anos. Foi importante para a chegada ao poder no concelho do PS e não só, pois deu particular atenção aos problemas do município. Acabou por ficar demasiado ligado, a meu ver, ao PS e escrevi na altura sobre isso (também participei activamente na fundação). Merece que seja feita a história deste jornal.

Em 1989 surgiu o Cidade Hoje (CH) também criado por um conjunto e famalicenses, estes  com ligações ao PSD e ao CDS que ainda hoje se publica. Teve papel importante na chegada ao poder da coligação PSD/CDS. Publica-se impresso no início de cada mês e com a mesma identidade.

Foi só em 1991, faz agora 33 anos, que surgiu em Famalicão o Opinião Pública (OP), o primeiro jornal com projecto empresarial e, assim, não ligado a partidos ou à luta partidária,  por iniciativa de Feliz Pereira que teve todo o cuidado de juntar, na sociedade que detinha a propriedade do jornal,  famalicenses conotados com partidos de esquerda e de direita, mas não partidariamente muito activos, e também pessoas independentes. Acresce a preocupação que teve  de misturar gerações, com predominância das mais novas, na redacção.

Essa característica de independência do OP em relação a partidos nota-se ainda hoje, sem deixar de ter sido criticado pela direita quando o governo municipal era de esquerda e de ser criticado  pela esquerda quando o governo municipal passou a ser  de direita.

As pessoas esquecem-se que um jornal local que se queira manter, não pode hostilizar (isto é, tomar como inimiga a câmara em funções). A câmara  de turno tem um enorme poder sobre os jornais locais através da publicidade directa ou indirecta que lhe fornece (ou retira) e por outras formas de pressão. O que os jornais locais não sustentados por partidos podem e devem fazer, nestas circunstâncias  é acolher a informação que é do interesse da câmara, publicitando as iniciativas e as obras, mas, ao mesmo tempo, dando lugar à opinião crítica e à informação que lhes chega dos partidos da oposição e outra, bem sabendo que isso não agrada nada ao poder instalado.

É um equilíbrio difícil mas que o jornal OP tem procurado gerir. Comparem os conteúdos, por exemplo, do último jornal impresso CH e o último OP. Este jornal podia ser melhor? Podia. Mas para isso era necessário um financiamento dos jornais locais diferente e suficiente que não os colocassem na dependência do poder local em exercício. É esta independência que defende Arcindo Guimarães  e que ainda não temos.

Mereciam também referência os jornais Voz de Famalicão (1985) e Povo Famalicense (1999), mas o espaço e o tempo não mo permitem.

PDM - O que não pode deixar sem referência é a publicação em Diário da República de 22/7/24 do Edital relativo à discussão pública da 2ª Revisão do PDM. O tempo da discussão cai no pior período possível (mês de Agosto) e não são os 23 dias de setembro que suprem essa falha. Conhecer o nosso território e saber o que dele se vai fazer é algo que nos deve interessar ( e preocupar) muito a todos. 

 

Sem comentários:

Enviar um comentário