Em 25 de Abril de 1974 tínhamos três semanários em Vila Nova de Famalicão todos impressos: o Notícias de Famalicão, o Estrela da Manhã (continuador do Estrela do Minho) e o Jornal de Famalicão. Viviam das assinaturas e da publicidade com redacções mínimas. Destes, só o Jornal de Famalicão sobrevive, o que é notável e apenas se explica por uma homenagem continuada ao seu fundador, por parte da família.
Durante os 50 anos seguintes
houve na sede do concelho um conjunto de iniciativas jornalísticas que merecem
ser recordadas. A primeira coube ao Dr. Joaquim Loureiro e alguns amigos que
fundaram o jornal “Democracia do Norte” (1976) com um âmbito que
extravasava o nosso concelho e que foi de curta duração.
Pouco depois, surgiu o jornal
quinzenal Vila Nova (1982) criado fundamentalmente por um conjunto de
famalicenses próximos do Partido Socialista, com reuniões iniciais no
escritório do Dr. Joaquim Loureiro, situado na esquina da Rua Santos Viegas com
a Rua São João de Deus. Durou mais de 20 anos. Foi importante para a chegada ao
poder no concelho do PS e não só, pois deu particular atenção aos problemas do
município. Acabou por ficar demasiado ligado, a meu ver, ao PS e escrevi na
altura sobre isso (também participei activamente na fundação). Merece que seja
feita a história deste jornal.
Em 1989 surgiu o Cidade Hoje
(CH) também criado por um conjunto e famalicenses, estes com ligações ao
PSD e ao CDS que ainda hoje se publica. Teve papel importante na chegada ao
poder da coligação PSD/CDS. Publica-se impresso no início de cada mês e com a
mesma identidade.
Foi só em 1991, faz agora 33
anos, que surgiu em Famalicão o Opinião Pública (OP), o primeiro jornal com
projecto empresarial e, assim, não ligado a partidos ou à luta partidária,
por iniciativa de Feliz Pereira que teve todo o cuidado de juntar, na
sociedade que detinha a propriedade do jornal, famalicenses conotados com
partidos de esquerda e de direita, mas não partidariamente muito activos, e
também pessoas independentes. Acresce a preocupação que teve de misturar gerações, com predominância das
mais novas, na redacção.
Essa característica de
independência do OP em relação a partidos nota-se ainda hoje, sem deixar de ter
sido criticado pela direita quando o governo municipal era de esquerda e de ser
criticado pela esquerda quando o governo municipal passou a ser de
direita.
As pessoas esquecem-se que um
jornal local que se queira manter, não pode hostilizar (isto é, tomar como
inimiga a câmara em funções). A câmara de turno tem um enorme poder sobre
os jornais locais através da publicidade directa ou indirecta que lhe fornece
(ou retira) e por outras formas de pressão. O que os jornais locais não
sustentados por partidos podem e devem fazer, nestas circunstâncias é
acolher a informação que é do interesse da câmara, publicitando as iniciativas
e as obras, mas, ao mesmo tempo, dando lugar à opinião crítica e à informação
que lhes chega dos partidos da oposição e outra, bem sabendo que isso não
agrada nada ao poder instalado.
É um equilíbrio difícil mas que
o jornal OP tem procurado gerir. Comparem os conteúdos, por exemplo, do último
jornal impresso CH e o último OP. Este jornal podia ser melhor? Podia. Mas para
isso era necessário um financiamento dos jornais locais diferente e suficiente
que não os colocassem na dependência do poder local em exercício. É esta
independência que defende Arcindo Guimarães e que ainda não temos.
Mereciam também referência os
jornais Voz de Famalicão (1985) e Povo Famalicense (1999), mas o espaço e o
tempo não mo permitem.
PDM - O que não pode deixar sem
referência é a publicação em Diário da República de 22/7/24 do Edital relativo
à discussão pública da 2ª Revisão do PDM. O tempo da discussão cai no pior
período possível (mês de Agosto) e não são os 23 dias de setembro que suprem
essa falha. Conhecer o nosso território e saber o que dele se vai fazer é algo
que nos deve interessar ( e preocupar) muito a todos.
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