CASA DA
MEMÓRIA VIVA - A Associação Casa da Memória Viva trocou-me as voltas e em vez
de escrever nomeadamente sobre o milhão de euros (!) que a Câmara Municipal deliberou atribuir às
Festas Antoninas e sobre a homenagem aos ex-Presidentes das Assembleias Municipais
realizada no dia 25 de Abril de 2025, tenho de centrar a atenção na “Conferência
Famalicão” que decorreu no passado dia 26 de Abril na Fundação Cupertino de
Miranda.
VIOLÊNCIA
- Antes disso, importa deixar bem claro,
que distingo esta iniciativa dos
acontecimentos do “Verão Quente” que a mesma Associação fez recordar através de
uma exposição fotográfica no Museu
Bernardino Machado. O que se passou em Famalicão nos primeiros dias de Agosto de
1975 não dignificou a nossa terra. A violência que resultou do cerco ao centro
de trabalho do PCP, causando duas mortes e o assalto a escritórios de advogados
do nosso concelho, bem como outros incidentes, devem ser claramente condenados e reavivar a
sua memória só tem sentido para renovar essa condenação sem reservas e lamentar
a perda de vidas. Nem todos os meios foram legítimos para lutar contra um projecto político, que se
tentou impor a partir de 11 de Março de
1975 e que os portugueses rejeitaram como demonstraram de
forma bem evidente através dos resultados das concorridíssimas eleições de 25 de Abril de 1975 e das grandes
manifestações meramente pacíficas que depois sucederam no país .
CONFERÊNCIA - Dito
isto, o que se passou na Fundação Cupertino de Miranda no passado dia 26 de Abril com a “Conferência – Famalicão
Cidade Aberta”, que foi muito além da cidade e bem se poderia designar “Famalicão
– Concelho Aberto” merece claro aplauso.
Com um programa bem preenchido, talvez pecando por excesso, desde às 9,30h da
manha até depois das 20 horas do mesmo dia foi possível assistir a intervenções
de famalicenses ( por naturalidade ou residência) que bem se têm destacado nos domínios do saber e do agir.
INTERVENÇÕES -
Não pude assistir a todas as intervenções, mas as que assisti e passo a
enumerar demonstraram a riqueza humana
que o nosso concelho possui, nem sempre conhecida e muito menos aproveitada.
Assim, a intervenção do professor João Cerejeira da parte de manhã sobre “As
pessoas como factor de riqueza” e, da parte de tarde, as intervenções da Professora Helena Freitas
sobre o nosso desenvolvimento, chamando a atenção para as fragilidades que o
acompanham e a importância da “governança participativa”; do Eng.º Filipe Soutinho que foi muito claro a dizer
que Portugal é muito mau a planear e a gerir recursos, tirando daí naturais consequências
também concelhias; a muito curiosa e polémica intervenção de José Carlos
Bomtempo; e versando a “comunidade famalicense” as bem concretas e adequadas intervenções
do Coronel Bacelar Ferreira e do Engenheiro Carlos Couto.
E AGORA
FAMALICÃO? – No fecho da conferência decorreu um painel com intervenções de jovens famalicenses, também
elas de muito interesse, tendo em vista o futuro. Ficamos a conhecer aspectos
do pensamento da cientista Doutora Sara
Silva Pereira, do gestor Dr. Yang Qi
(grupo Mikado) e do músico, maestro e professor José Eduardo Gomes. Note-se que
neste resumo brevíssimo por razões de tempo e espaço só mencionamos
intervenções que ouvimos, chegando-nos informação também muito positiva sobre
as restantes. Famalicão precisa de iniciativas
como esta. Anote-se, entretanto, a ausência, com algumas excepções, de responsáveis
políticos do governo e da oposição famalicense.
APAGÃO – O
apagão de electrividade que atingiu
Famalicão desde as 11,30h da manhã até às 21,50h (centro da cidade) do dia 28
de Abril de 2025 deve ser objecto de reflexão sobre a sociedade em que vivemos.
Como estamos dependentes!
(JF-1-5-25)