quarta-feira, 30 de abril de 2025

Famalicão: Cidade/Concelho Aberta/o

CASA DA MEMÓRIA VIVA - A Associação Casa da Memória Viva trocou-me as voltas e em vez de escrever nomeadamente  sobre  o milhão de euros (!)  que a Câmara Municipal deliberou atribuir às Festas Antoninas e sobre a homenagem aos ex-Presidentes das Assembleias Municipais realizada no dia 25 de Abril de 2025, tenho de centrar a atenção na “Conferência Famalicão” que decorreu no passado dia 26 de Abril na Fundação Cupertino de Miranda.

VIOLÊNCIA -  Antes disso, importa deixar bem claro,  que distingo esta iniciativa dos acontecimentos do “Verão Quente” que a mesma Associação fez recordar através de uma  exposição fotográfica no Museu Bernardino Machado. O que se passou em Famalicão nos primeiros dias de Agosto de 1975 não dignificou a nossa terra. A violência que resultou do cerco ao centro de trabalho do PCP,  causando duas  mortes e o assalto a escritórios de advogados do nosso concelho, bem como outros incidentes,  devem ser claramente condenados e reavivar a sua memória só tem sentido para renovar essa condenação sem reservas e lamentar a perda de vidas. Nem todos os meios foram legítimos para  lutar contra um projecto político,  que  se tentou impor  a partir de 11 de Março de 1975  e que  os portugueses rejeitaram como demonstraram de forma bem evidente através dos resultados  das concorridíssimas  eleições de 25 de Abril de 1975 e das grandes manifestações meramente pacíficas que depois sucederam no país .  

CONFERÊNCIA - Dito isto, o que se passou na Fundação Cupertino de Miranda  no passado  dia 26 de Abril com a “Conferência – Famalicão Cidade Aberta”, que foi muito além da cidade e bem se poderia designar “Famalicão – Concelho Aberto”  merece claro aplauso. Com um programa bem preenchido, talvez pecando por excesso, desde às 9,30h da manha até depois das 20 horas do mesmo dia foi possível assistir a intervenções de famalicenses ( por naturalidade ou residência) que  bem se têm  destacado nos domínios do saber e do agir.

INTERVENÇÕES - Não pude assistir a todas as intervenções, mas as que assisti e passo a enumerar  demonstraram a riqueza humana que o nosso concelho possui, nem sempre conhecida e muito menos aproveitada. Assim, a intervenção do professor João Cerejeira da parte de manhã sobre “As pessoas como factor de riqueza” e, da parte de tarde,  as intervenções da Professora Helena Freitas sobre o nosso desenvolvimento, chamando a atenção para as fragilidades que o acompanham e a importância da “governança participativa”; do Eng.º  Filipe Soutinho que foi muito claro a dizer que Portugal é muito mau a planear e a gerir recursos, tirando daí naturais consequências também concelhias; a muito curiosa e polémica intervenção de José Carlos Bomtempo; e versando a “comunidade famalicense” as bem concretas e adequadas intervenções do Coronel Bacelar Ferreira e do Engenheiro Carlos Couto.

E AGORA FAMALICÃO? – No fecho da conferência decorreu um painel   com intervenções de jovens famalicenses, também elas de muito interesse, tendo em vista o futuro. Ficamos a conhecer aspectos do pensamento da cientista  Doutora Sara Silva Pereira, do  gestor Dr. Yang Qi (grupo Mikado) e do músico, maestro e professor José Eduardo Gomes. Note-se que neste resumo brevíssimo por razões de tempo e espaço só mencionamos intervenções que ouvimos, chegando-nos informação também muito positiva sobre as restantes. Famalicão precisa de iniciativas  como esta. Anote-se, entretanto,  a ausência,  com algumas excepções, de responsáveis políticos do governo e da oposição famalicense.

APAGÃO – O apagão de electrividade  que atingiu Famalicão desde as 11,30h da manhã até às 21,50h (centro da cidade) do dia 28 de Abril de 2025 deve ser objecto de reflexão sobre a sociedade em que vivemos. Como estamos dependentes!

               (JF-1-5-25)

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