quarta-feira, 23 de dezembro de 2020

Boletim Municipal sobre a Covid 19

O Município de Famalicão acaba de distribuir uma edição, graficamente muito bem cuidada, de “ O Boletim Municipal de Vila Nova de Famalicão”  com a data de Dezembro de 2020 ( n.º 02/20) que nada tem a ver com o facto de o nosso concelho se encontrar neste momento em “risco extremo” no que respeita à doença Covid 19.

O Boletim, com 60 páginas, com uma ficha técnica envergonhada (quase passa despercebida), dá boas notícias e só boas notícias sobre obras da cidade (“Praça da Cidadania”); obras Ciclovia Famalicão – Póvoa; obras Ciclovia Urbana;  obras Mercado-Praça; obras Canil Municipal; e obras Central de Camionagem. Seguem-se, de acordo com o sumário, notícias várias  sobre Habitação, CIIES,  Famalicão Made In, Desporto, Casa de Camilo, Torre Literária, Teatro Narciso Ferreira e outras, sempre com enorme profusão de fotografias.    

Abre com palavras do presidente da câmara municipal e fecha com palavras do presidente da assembleia municipal. Os eleitos locais da oposição não têm espaço no Boletim como deviam e é próprio dos municípios que praticam a democracia. Mal dos eleitos famalicenses se silenciarem este facto, pois também eles demonstrarão que não prezam a democracia.

Mas, como dissemos, não é de um boletim de obras, com uma edição de 25.000 exemplares, que precisávamos neste momento. Do que precisávamos era de um boletim informativo simples, mas bem elaborado, com a finalidade de mobilizar os famalicenses para fazer sair o nosso município da  indesejável situação sanitária de “risco extremo”, em que se encontra,  para  um nível  menos grave.

Um boletim que começasse por dar informação detalhada sobre a situação a esta data  do município quanto ao número de infectados, de  internados, de  óbitos e de  recuperados. Ainda que não desse números rigorosos, que os desse o mais detalhada e aproximadamente que fosse possível.

Um boletim, sem utilizar papel caro, que nos dissesse como estavam os lares (e já agora quantos são no concelho e quantos utentes têm), pois muitos famalicenses não sabem; que nos dissesse também quais são, para além dos lares, os outros locais (freguesias, empresas, escolas,  instituições, associações, etc.)  onde se têm registado  mais casos.

Um boletim que nos desse instruções concretas sobre o modo de proceder neste tempo de pandemia aqui, no nosso concelho. Temos, é verdade, informação a nível nacional, mas precisamos de mais informação a nível local e o município em articulação com as autoridades de saúde pode e deve dá-la. Outros municípios assim têm feito.

 Precisamos de saber também como estão neste momento os nossos dois hospitais em termos de ocupação; quando e onde se podem fazer testes e quanto custam; onde estão máscaras à venda devidamente certificadas e o respectivo preço.

Tanta informação que poderia e deveria ser dada e assim teríamos um boletim informativo de muita utilidade e que bem poderia até ter palavras de ânimo dos principais responsáveis, desde que bem fundadas.

  (Artigo de opinião publicado no Opinião Pública de 23-12-2020)

domingo, 13 de dezembro de 2020

Covid 19: Lar São João de Deus

Soube ontem, dia 14 de dezembro de 2020, que há um surto de Covid 19 no Lar de São de Deus que dista 1km do centro da cidade.

A informação chegou-me através de um familiar, que tinha recebido telefonema de pessoa amiga a dizer que soube através do Cidade Hoje.

Efectivamente o “Cidade Hoje”  informava pelas 8,20h do dia 14 que o Correio da Manhã tinha dado a conhecer que, no dia 7 de dezembro,  fora detectado um surto no Lar São João de Deus acidentalmente, pois um utente deslocou-se ao Hospital e tendo-lhe sido feito texte à Covid 19 deu resultado positivo.

De seguida foram feitos testes naquele  Lar dos quais resultaram  positivos  55  utentes e 12  trabalhadores no total de 67.

Desta notícia pode concluir-se que a imprensa local até ao dia 14 não noticiou devidamente e assim  muitos famalicenses não souberam,  que estava em curso um surto naquele Lar.

Não pode ser! Os famalicenses deviam saber, na hora, a existência do surto até para se protegerem. E não era só a imprensa local, era a câmara municipal e a autoridade de saúde que tinham o dever de dar a conhecer o que se passava.

Nesse mesmo dia, um pouco mais tarde o Opinião Pública dava a conhecer, acrescentando informação,  que no outro lar da Santa Casa da Misericórdia de Famalicão, o Lar Jorge Reis estava livre da Covid 19.

Há ainda perguntas a fazer e que precisam de ser respondidas.

Nos lares de Famalicão não se fazem testes regulares, nomeadamente ao pessoal que entra e sai para  neles trabalhar?

Se fazem, com que regularidade e porquê essa regularidade e não outra? Se não fazem, qual a razão?

Mais! Para além desta informação , os meios de comunicação social estão a seguir a situação não só nestes lares, mas nos outros de Famalicão?

Muitos de nós não sabemos, por exemplo, quantos lares de idosos existem  no concelho de Vila Nova de  Famalicão  e qual a situação dos mesmos. Essa informação deveria estar acessível, desde logo na página oficial do município, mas não só. Os órgãos de comunicação locais poderiam também fornecê-la.

Informação, precisa-se! Não é para meter medo, mas para ajudar a retirar o nosso concelho da situação de “risco extremo”.

 

quinta-feira, 24 de setembro de 2020

Os meios de comunicação social locais e a Covid 19

 Li isto no FAMATV de ontem, dia 21 de setembro de 2020:

“O concelho de Famalicão registou na última semana (de 14 a 20 de setembro, 56 novos casos de infeção por Covid 19, segundo o boletim desta segunda-feira da Direção Geral da Saúde (DGS)."

Esta informação é importante, mas insuficiente.

Saber que no nosso concelho numa semana houve 56 novos infectados (para além dos que já existiam e que são centenas, embora não saiba quantos) é uma informação que obriga a ter cuidados, pois não estamos livres de se espalhar ainda mais.

Mas falta informação. O nosso concelho tem mais de 200 km2 e mais de 120.000 habitantes e 49 freguesias (se deixarmos de lado as uniões). Ora, ficamos sem saber em que freguesias há mais casos e muito menos as razões deles.

Não se trata de uma curiosidade mórbida, trata-se de ter informação para saber como agir melhor. Os cuidados devem ser redobrados nos sítios onde ocorrem mais casos.

Compreendo que não esteja disponível essa informação  por a DGS não a dar, mas é dever dos meios de comunicação social procurá-la  e é dever do município, particularmente da câmara  trabalhar para conseguir  essa informação. O mesmo se diga das juntas de freguesia.

E não temos uma autoridade sanitária a nível do concelho?  Se a temos, importa que saibamos quem é e que nos aconselhe devidamente, sem alarmismos.

Mesmo que os dados não sejam totalmente precisos, seguramente que é possível obter dados aproximados para servirem de orientação.

Repare-se que não se trata de saber o nome das pessoas ou das famílias. Trata-se de saber locais do concelho, muito particularmente freguesias, mais atingidos.

Importa também saber como está o nosso concelho em comparação com outros concelhos vizinhos e com o resto do país. E a evolução que tem ocorrido.

Todos devemos estar a lutar contra esta doença que tanto perturba as nossas vidas.

 

(Artigo de opinião publicado no Opinião Pública de 24-09-2020)