quarta-feira, 27 de outubro de 2021

Pedras ou Árvores?

A minha opinião é negativa em relação ao arranjo que está a ser realizado no centro histórico da cidade. Segundo sei foram gastos cerca de 4 milhões de euros no arranjo do Mercado Municipal (também denominado Praça) e cerca de 4 milhões no arranjo daquilo que podemos chamar o antigo Campo da Feira (e que hoje está repartido por vários nomes de ruas e praças).

Deixemos o Mercado de lado e centremo-nos no Campo da Feira. O que critico é o enorme empedramento daquele espaço do nosso centro histórico. Entre pedras ou árvores venceram as pedras e a impermeabilização.  O que o nosso município precisa é de árvores, na cidade e em todo o concelho e não de tanta pedra.    

Com os milhões que gastamos num arranjo assente em granito poderíamos fazer uma revolução florestal no nosso concelho e tornar a cidade e o centro histórico muito mais bonitos. Poderíamos plantar centenas de milhar (milhões, mesmo) de árvores principalmente autóctones   que muito enriqueceriam e embelezariam a prazo o nosso concelho, na parte urbana e rural, e muito contribuiriam para a qualidade do ambiente. Famalicão poderia ficar no mapa nacional como um município de referência neste domínio.  

Dir-me-ão que o dinheiro gasto veio em grande quantidade da Europa e que o município pouco contribuiu financeiramente. Pergunto duas coisas: não era possível concorrer a outros programas apoiados pela União Europeia que não estes? E não sendo, não era possível organizar a reabilitação do centro histórico da cidade noutras bases?

Não poderíamos ter um centro histórico com solo permeabilizado, bem arborizado e ajardinado e uma mobilidade bem pensada? Uma mobilidade que permitisse um fácil acesso a pé ou de veículos não poluentes aos estabelecimentos do centro, lembrando que as pessoas com mais idade, com problemas de mobilidade e principalmente fazendo compras não podem trazê-las para casa a pé, de trotinete ou mesmo de bicicleta?

Ainda há muito a dizer sobre estas obras.

(Artigo de opinião publicado no Opinião Pública, de 27 de outubro de 2021)

quarta-feira, 13 de outubro de 2021

Eleições locais e eleições gerais

Sempre temos referido que eleições locais não são eleições gerais, principalmente eleições para a Assembleia da República ainda que possa haver alguma influência. 

Famalicão é bem exemplo disso e basta lembrar as largas vitórias do PS em tempos de governo do PSD (Cavaco Silva) e recentemente das também amplas vitórias do PSD com governo nacional à esquerda.

As eleições locais dependem muito da estrutura local dos partidos ou grupos de cidadãos em primeiro lugar e dos respectivos líderes logo a seguir.

Há aqui bem perto bons exemplos disso.

No município da Póvoa de Varzim o PSD domina largamente e o PS faz uma triste figura, tendo obtido 21% de votos nas recentes eleições de 26 de setembro de 2021. Em Vila do Conde, por sua vez, o PS mesmo fracturado internamente ganhou as eleições com 42% dos votos e o PSD não chegou a 14%. Dos municípios vizinhos com paços do concelho separados por menos de três quilómetros e com resultados tão díspares. A nossa região e o nosso país está cheio de exemplos semelhantes.

Isto significa que a nível local importa que os grandes partidos de expressão nacional estejam bem organizados e saibam encontrar líderes que mobilizem. Não é tarefa fácil, implicando muito trabalho.

Podemos voltar ao nosso município e encontrar justificação para os resultados locais. O PSD domina o concelho há 20 anos ( não é possível saber o peso que tem o CDS na coligação, pois não se tem apresentado sozinho em nenhum lado) e isso fica a dever-se a um cuidado trabalho partidário, como resulta de já terem sido três os presidentes de câmara eleitos. Por sua vez, o PS desde há vinte anos que não consegue afirmar-se, apresentando sucessivos candidatos e sem uma organização interna e uma visibilidade mobilizadora.

Os resultados de 2021 foram melhores do que os de 2017 mas ficaram aquém do que se espera de um partido como o Partido Socialista e de uma ocasião de mudança inesperada na liderança do PSD.

É bom, a meu ver, para o nosso município, que os dois partidos mais fortes estejam em condições de ser uma boa alternativa de governo municipal. Assim o desejamos e poderemos ver se assim será, desde já. Entusiasmos de vésperas de eleições não é bom caminho.
 
(Artigo de opinião publicado no Opinião Pública, de 13 de outubro de 2021)

quarta-feira, 6 de outubro de 2021

Eleições locais de 2021

RESULTADOS – A Coligação PSD/CDS liderada por Mário Passos venceu claramente as eleições para a Câmara Municipal. Ainda que tivesse perdido mais de 11.000 votos em relação a 2017 obteve quase 53% do total de votos, elegendo 7 dos 11 vereadores que compõem a nossa Câmara Municipal. Por sua vez, o PS aumentou o número de votos (mais de 6.500) mas ficou apenas com 32,16% dos votos. Deu, no entanto, para conquistar mais um vereador do que em 2017, ficando com 4. Os restantes cinco partidos concorrentes tiveram votações muito baixas, conseguindo apenas eleger dois membros para a assembleia municipal. Um para o Chega e outro para a CDU.

FREGUESIAS – Os resultados das freguesias foram bem expostos em duas páginas do OP com a vantagem de juntar fotos e ficarmos a saber que apenas foram eleitas 4 mulheres para o lugar de presidentes de junta. Bem gostaríamos de um tipo de letra um pouco maior para ler sem dificuldade os resultados freguesia a freguesia. Os resultados gerais do município e freguesias mereciam um suplemento de 4 páginas. De notar ainda que impressiona a mancha de freguesias que ficaram nas mãos da Coligação PSD/CDS, obtendo o PS apenas três. Não pode passar despercebido, entretanto, as 9 freguesias conquistadas por movimentos de independentes. Não temos informação quais destes movimentos são os verdadeiramente independentes e quais os recentemente convertidos à independência.

TOMADA DE POSSE – Vamos assistir a tomadas de posse nas próximas semanas e será interessante verificar como correu a eleição dos vogais das juntas nas diversas freguesias. Por vezes, há problemas e não pequenos.

OPINIÃO PÚBLICA – Esperemos que a democracia local não tenha terminado no dia de eleições. Aguarda-se que os eleitos para a Câmara e para a Assembleia, sem prejuízo dos eleitos para as freguesias, colaborem na imprensa local, emitindo opinião sobre os problemas do nosso concelho.

ASSUNTOS – O nosso concelho desde a cidade às freguesias tem tantos assuntos de interesse para abordar que o estranho será que sobre eles a nossa imprensa não haja informação e opinião.

(Artigo de opinião publicado no Opinião Pública, de 6 de outubro de 2021)