quarta-feira, 13 de outubro de 2021

Eleições locais e eleições gerais

Sempre temos referido que eleições locais não são eleições gerais, principalmente eleições para a Assembleia da República ainda que possa haver alguma influência. 

Famalicão é bem exemplo disso e basta lembrar as largas vitórias do PS em tempos de governo do PSD (Cavaco Silva) e recentemente das também amplas vitórias do PSD com governo nacional à esquerda.

As eleições locais dependem muito da estrutura local dos partidos ou grupos de cidadãos em primeiro lugar e dos respectivos líderes logo a seguir.

Há aqui bem perto bons exemplos disso.

No município da Póvoa de Varzim o PSD domina largamente e o PS faz uma triste figura, tendo obtido 21% de votos nas recentes eleições de 26 de setembro de 2021. Em Vila do Conde, por sua vez, o PS mesmo fracturado internamente ganhou as eleições com 42% dos votos e o PSD não chegou a 14%. Dos municípios vizinhos com paços do concelho separados por menos de três quilómetros e com resultados tão díspares. A nossa região e o nosso país está cheio de exemplos semelhantes.

Isto significa que a nível local importa que os grandes partidos de expressão nacional estejam bem organizados e saibam encontrar líderes que mobilizem. Não é tarefa fácil, implicando muito trabalho.

Podemos voltar ao nosso município e encontrar justificação para os resultados locais. O PSD domina o concelho há 20 anos ( não é possível saber o peso que tem o CDS na coligação, pois não se tem apresentado sozinho em nenhum lado) e isso fica a dever-se a um cuidado trabalho partidário, como resulta de já terem sido três os presidentes de câmara eleitos. Por sua vez, o PS desde há vinte anos que não consegue afirmar-se, apresentando sucessivos candidatos e sem uma organização interna e uma visibilidade mobilizadora.

Os resultados de 2021 foram melhores do que os de 2017 mas ficaram aquém do que se espera de um partido como o Partido Socialista e de uma ocasião de mudança inesperada na liderança do PSD.

É bom, a meu ver, para o nosso município, que os dois partidos mais fortes estejam em condições de ser uma boa alternativa de governo municipal. Assim o desejamos e poderemos ver se assim será, desde já. Entusiasmos de vésperas de eleições não é bom caminho.
 
(Artigo de opinião publicado no Opinião Pública, de 13 de outubro de 2021)

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