quarta-feira, 31 de janeiro de 2024

Liberdade e Landim


ARVORES DA LIBERDADE – Decorreu no dia 25 de Janeiro de 2024 no Jardim dos Paços do Concelho a plantação da “Árvore da Liberdade” (carvalho alvarinho)  em cerimónia que teve a participação da Comissão de Honra das Comemorações dos 50 Anos do 25 de Abril de 1974, da câmara municipal que reuniu nessa manhã e de um largo grupo de alunos de uma escola do concelho (Pedome). Assinalou-se, deste modo, o início das comemorações do cinquentenário da Revolução de Abril e o presidente da câmara Mário Passos salientou, nas palavras que então proferiu,  que seria plantada em todas as freguesias do concelho uma árvore semelhante. 

ZECA AFONSO – Também integrada nas Comemorações dos 50 Anos do 25 de Abril (a nível nacional)  a Casa das Artes  acolheu, no dia 27 de Janeiro de 2024 (sábado),  um espectáculo musical centrado na incontornável figura de Zeca Afonso a que não assisti, mas que, segundo soube,  foi largamente participado e decorreu  com  muito nível.

LANDIM I – Fui no passado domingo, dia 27.1.2024, a Landim visitar um dos landinenses mais ilustres, advogado sabedor e sério, tendo sido também competente chefe dos serviços jurídicos da câmara municipal de Famalicão durante muito anos. Trata-se do Dr. António Pereira da Costa,  amigo  de longa data, com quem tive uma agradável conversa sobre assuntos diversos (também sobre animais, claro!), apesar dos problemas de saúde  que  frequentemente acompanham os que costumam chegar a uma certa idade .

LANDIM II – Ali junto, passa o rio que atravessa a freguesia, nesta altura com muita água e porque a ponte não tem, como devia,  o nome respectivo tentei certificar-me de que aquele era efectivamente o rio Pelhe, como julgava. Foi uma surpresa!  Perguntei a um jovem com cerca de vinte anos que me disse ser de Landim, mas não sabia o nome do rio. Perguntei também a um outro landinense que brincava à bola no parque desportivo, certamente com um filho,  e também não sabia.

LANDIM III - Valeu-me ver gente ali perto junto das Três Capelas e fui parar junto da Barbearia Batista onde se reuniu rapidamente um grupo de  pessoas e a dúvida ficou desfeita. É sim senhor o Rio Pelhe! E quando critiquei a Junta por não colocar ou tratar de colocar uma placa com o nome do afluente do rio Ave saíram em defesa dela, dizendo que havia  muitas coias para fazer na freguesia  e que fez um bom trabalho junto do rio a jusante do lugar onde estávamos. Dali a conversa derivou para outros assuntos como o jornalismo (conheciam mal  a imprensa local e assim o  Opinião Pública, julgando alguns  até que era um jornal pago);  a política local (e o dono da barbearia disparou-me esta pergunta: “qual acha que foi melhor presidente da câmara Armindo Costa ou Paulo Cunha?”); e também a política nacional foi abordada. Foi uma conversa animada sobre a qual muito haveria mais a dizer, mas o espaço neste jornal é limitado e o meu tempo também. A conversa terminou com um elogio meu à freguesia por ser Landim e não uma qualquer “união” e lançaram-me um convite informal para ir de novo a Landim nesta 6ª feira, dia 2 de fevereiro, para ver a festa da Senhora das Candeias. Tentarei.

PARQUE NORTE – Continua sem se saber como vai ficar o Parque Norte da cidade, correndo em paralelo à Avenida Pinheiro Braga, mas afastado desta, pois fica  junto do Bairro de São Vicente, acompanhando um ribeiro que vai desembocar no parque da Deveza, depois de um largo e triste trajecto subterrâneo. De que se está à espera para termos notícias dele?  Já tarda muito. Bem disse neste jornal que naquela urbanização,  em primeiro lugar e a toda a pressa  estava a construção da superfície comercial (LIDL) e o parque ficaria para o fim e sabe-se lá quando. A câmara municipal pouco se importa….

RUA SENADOR SOUSA FERNANDES – O passeio do lado nascente da rua Senador Sousa Fernandes (a antiga EN n.º 14 a seguir ao Supermercado Bandeirinha e até à Rotunda de Santo António) merece uma visita. É raro ver um passeio tão largo na cidade!

DOIS LIVROS – Tenho a meu lado dois livros  ligados a Famalicão que tenciono ler com atenção logo que puder. Trata-se de um livro de Luís Paulo Rodrigues, que me convidou para a apresentação na Biblioteca Municipal, e que adquiri com o todo o gosto, com o título “Cem Anos de Superação – A Eléctrica (1924-2024). Por sua vez, João-Afonso Machado e David Vieira de Castro ofereceram-me muito amavelmente o recentíssimo  livro “Camilo e os de Pindela”. Parabéns aos autores, porque abordar temas da nossa terra é um dever de quem dela gosta.

quarta-feira, 24 de janeiro de 2024

Carnaval e não só

CARNAVAL MUNICIPALIZADO - Escrevia há pouco que a CM Famalicão iria gastar três milhões (3.000.000) de euros até ao fim do mandato em festas na cidade e justificava a soma. É pouco. Calculei por baixo. A câmara vai gastar mais. Já começa no Carnaval com cerca de 180.000 euros (174.000 euros orçamentados que vão derrapar como é habitual)grande parte deles gastos na cidade. Há quem ache bem e até o Partido Socialista bate palmas. Tenho pena e julgo que não estou só. É que há outras prioridades,  podendo e devendo tirar-se parte do que se gasta em festas.

PRIORIDADES – Para quem tem dúvidas onde gastar boa parte desse dinheiro retirado das festas atrevo-me a indicar algumas, sendo que outras poderá haver também e igualmente importantes. Se tivesse que decidir lutaria por utilizar esse dinheiro para  fazer fortes campanhas de prevenção contra o tabagismo ( muita gente que fuma gostaria de deixar ou atenuar esse vício), contra a obesidade ( assusta o número crescente de obesos), contra o alcoolismo e outras drogas ( cada vez mais perigosas). Não acabaríamos com esses males, mas poderíamos e deveríamos atenuá-los fortemente e preveni-los. Teria particular atenção com os jovens famalicenses. Seríamos um concelho com melhor qualidade de vida e gente pronta para festas com saúde.

PUBLICIDADE – Mas não é só com festas que a maioria da  câmara municipal (auxiliada pela oposição)  prepara as próximas eleições. A publicidade com o nosso dinheiro é outra arma utilizada. Assim os boletins de propaganda que regularmente saem descaradamente com o nome de boletins municipais. Acresce a  publicidade pendurada nos postes de iluminação da cidade e arredores  e a que é  feita por outras diversas  formas.

MEDWAY – Não é pouca coisa o que a Medway projecta para Lousado. Trata-se de um “porto-seco” ( “porto” porque vão lá aparcar especialmente por via ferroviária milhares de contentores de materiais como acontece nos portos de mar e “seco” porque é em terra e não junto ao mar) de grandes dimensões.  Dizem que será o maior da Península Ibérica, sendo imperioso verificar o impacto sobre o território e as populações do nosso concelho. Este assunto não pode andar escondido, devendo haver sobre ele a máxima publicidade, desde já. Obrigado, Vereadora Dr.ª Augusta Santos pela insistência com que aborda este assunto.

LESADOS DO TALVAI – Não gosto de actuações cívicas anónimas, embora compreenda que em certas circunstâncias elas se utilizem. De qualquer modo fui visitar o edifício  BioTalvai   e o que mais me impressionou foi a forma como se urbanizou e está a urbanizar o melhor território da nossa cidade ( virado a sul e num ponto alto). Aquela urbanização reprova todas as câmaras eleitas desde 1976 até hoje. E a actual vai pelo mesmo caminho.

ACIDENTES NA CIDADE – São muitas as informações que chegam sobre acidentes graves com peões na cidade. Passadeiras mal iluminadas e sem semáforos. Passadeiras junto de obras sem especiais cuidados como é devido e outras situações. Há ao menos um registo anual  do número de acidentes e suas consequências?  É muito importante para avaliar da gravidade do problema e do modo de o solucionar. Que andam a fazer as oposições na câmara e na assembleia municipal? 

PÚBLICO – A Assembleia Municipal acaba de actualizar o seu regimento e teimou em manter  a participação do público nas sessões para o fim das mesmas, demonstrando assim que preza pouco a participação dos famalicenses nos órgãos eleitos. Importa dizer que em muitos municípios já não é assim e o público tem o direito de intervir no início das sessões, determinando o regimento o período máximo de tempo a ele destinado.  Parabéns à CDU e ao PAN pela luta que travaram contra tal desprezo pelo público.

IMPRENSA E INFORMAÇÃO - Abrir um jornal local e encontrar com destaque informação que directa ou indirectamente favorece a câmara municipal é uma probabilidade de mais de  90%. Igual probabilidade, mas agora desfavorável ao Governo, existe ao abrir um jornal nacional. Uns exageram no elogio, outros na crítica. Algo está errado, não está?

(Jornal OP de 24.1.24)

 

quarta-feira, 17 de janeiro de 2024

A ULS (Unidade Local de Saúde) e a Ampliação Estruturada do Nosso Hospital

PRIORIDADE - Dos jornais locais da semana passada dei particular atenção às declarações do Dr. António Barbosa, director da ULS  a Cristina Azevedo, directora do  OP  num destacado e  bom trabalho jornalístico como é timbre desta profissional.

ULS - Ficámos bem cientes de que entrou em funcionamento no dia 1 de janeiro do corrente ano de 2024, no âmbito de uma reorganização dos serviços de saúde que abrange todo o país, a ULS (Unidade Local de Saúde) do Médio Ave que integra a prestação de cuidados de saúde primários e hospitalares numa só unidade de gestão, abrangendo o CHMA (Centro Hospitalar do Médio Ave), formado pelos actuais hospitais de Famalicão e Santo Tirso e os ACES (Agrupamentos de Centros de Saúde) de Famalicão, Trofa e Santo Tirso. São mais de 2.000 trabalhadores.

170.000.000 euros – A partir de agora tudo o que diz respeito a prestação de cuidados de saúde do SNS (Serviço Nacional de Saúde) nesta região ( presume-se os três concelhos acima referidos) é da responsabilidade desta ULS. Isso explica que o seu orçamento seja de mais de 170 milhões de euros, ou seja, mais do que todo  o orçamento do nosso município ( 162 milhões de euros). É enorme a responsabilidade agora assumida por uma equipa dirigida pelo Dr. António Barbosa e pelo Dr. Luís Moniz e que tem como directora clínica a médica Drª Violeta Ofélia Iglésias, a quem desejamos, para bem de todos nós, o maior êxito.

AMPLIAÇÃO ESTRUTURADA - Também o presidente da câmara municipal  Doutor Mário Passos manifestou satisfação por esta nomeação e deseja muito que o nosso hospital receba as obras e as ampliações de que necessita, lembrando que o município está já a fazer a sua parte no domínio da saúde. A ampliação estruturada  do Hospital de Famalicão que faz título de primeira página e que o Dr. António Barbosa explica,  dizendo que é preciso evitar o que aconteceu nas últimas décadas “em que o hospital foi somando unidades que hoje , não se articulam da melhor maneira”,  tem de merecer toda a atenção dos famalicenses.

RESPONSABILIDADES REPARTIDAS - Que a ampliação é necessária e deve ser bem estruturada não oferece dúvidas. O que importa é que ela seja a ampliação que o  bom funcionamento da ULS exige, cabendo aqui muito trabalho não só à direcção da Unidade como ao  município de Famalicão.  O município de Famalicão tem aqui uma enorme responsabilidade, pois não podemos ter uma ampliação adequada do hospital e estrangulamentos à volta com licenciamento de construções ou de  actividades  que provoquem  mais aumento do trânsito.  

VISÃO QUE FAZ FALTA - Do que precisamos é de tráfego fluído e  prioritário para as ambulâncias e pessoal que trabalha no hospital. Há lá espaço para habitações para médicos e enfermeiros e mesmo  para edifícios de rectaguarda do hospital que tanta falta fazem. Outros municípios do nosso país assim têm feito. O que é preciso é visão larga por parte do nosso município e não continuar  o atrofiamento que ocorreu nas últimas décadas a nascente e a poente do Hospital São João de Deus. Salve-se o que ainda for a tempo, contando com a colaboração dos particulares que até bem podem ter vantagem nisso. Estejamos a altura das exigências que resultam da ULS que não estava prevista e surgiu agora.

OUTROS ASSUNTOS – Ficamos sem espaço para falar dos dinheiros atribuídos às festas do Carnaval, das queixas dos lesados do Talvai, do eco-parque de Cabeçudos, da residência para estudantes universitários, da ferrovia  e de  tantos outros. Problemas não faltam. Tempo e espaço para os tratar é que são escassos.

(Jornal OP de 17.1.24)

quarta-feira, 10 de janeiro de 2024

Famalicão: Partido Socialista e Partido Social Democrata

        Como os leitores sabem pedi há algumas semanas aos dois principais partidos do nosso município dados para informação e divulgação públicas. Essa informação que foi dada rapidamente tem ainda mais interesse, pois as duas secções locais de ambos os partidos  fazem 50 anos durante o presente ano de 2024.

O Partido Socialista foi fundado em finais de Agosto de 1974, contando entre os seus principais fundadores Joaquim Loureiro, Armando Bacelar, Artur Lopes, José Augusto Lopes e Jerónimo Pereira, deputado à Constituinte.

Por seu lado o Partido Social Democrata (então com o nome de Partido Popular Democrático) nasceu formalmente no dia 27 de novembro de 1974, tendo como fundadores Carlos Bacelar, mais tarde deputado à Constituinte, José Reis, José Carlos Marinho, José Júlio Alves Coelho e  José Garcia Azevedo.

Desde as primeiras eleições autárquicas ( Dezembro de 1976) o PSD teve a presidência da câmara municipal entre 1976-1979 (José Carlos Marinho);  1979-1982 (Antero Martins); 2001-2013 ( Armindo Costa); 2013-2021 (Paulo Cunha) e 2021 até à actualidade (Mário Passos). Por sua vez,  o PS teve apenas um presidente de câmara municipal (Agostinho Fernandes) que exerceu ininterruptamente desde 1982 até 2001. Assim contamos até ao presente 19 anos de câmara presidida  pelo PS e 29 anos de câmara presididas pelo PSD.

A primeira sede do Partido Socialista foi na Rua Alves Roçadas (junto ao escritório de advogado do Dr. Amando Bacelar), enquanto o Partido Social Democrata teve a sua primeira sede na Rua Adriano Pinto Basto no n.º 138.

A sede actual do Partido Socialista é no primeiro piso do n.º 116 da Rua São João de Deus (junto aos CTT), a sede actual do Partido Social Democrata é no terceiro piso do n.º 212 (sala 14) da  Rua Adriano Pinto Basto.

O número de militantes actual do PS é de cerca de 1600, dos quais cerca de 1100 com as quotas em dia. Os do PSD são 2129 militantes, dos quais metade com as quotas em dia, embora o pagamento da quota não releve actualmente para eleições internas neste partido .

Ambos têm diversos órgãos internos que aqui não descrevemos, nem indicamos os respectivos titulares, por brevidade. Aliás para uma informação mais detalhada devem consultar-se os espaços que ambos possuem na “net”.

A sala de reuniões da sede do PS tem 50 lugares sentados e a do PSD igual capacidade.

O PSD tem uma página web  (www.psdfamalicao.pt) e vários endereços nas redes sociais, enquanto o PS tem presença nas redes sociais.

O PS tem a sede aberta à 6ª feira das 21 às 23h e com marcação prévia através do email eduardo.sal.oliveira@gmail.com, às segundas feiras das  10h-12h. O PSD tem a sede aberta às 2ªs feiras das 18h às 20h, às 6ªas feiras das 14,30h às 16,30h e no terceiro sábado de cada mês das 10h às 12h.

Outros aspectos de ambas as sedes que tive a oportunidade de visitar poderiam ser indicados, mas estes são os que entendo dever ser salientados. Uma nota para dizer que gostaríamos de ver uma biblioteca bem apetrechada em ambas as sedes, mas tal não sucede em nenhuma delas.

A responsabilidade destes dois partidos é grande no nosso concelho e só teremos a ganhar, tendo ambos bem activos e dando informação ampla e facilmente acessível da sua organização e actividades.

                                                           António Cândido de Oliveira

PS – Um dia destes vi, numa sala de espera de um consultório, uma foto da antiga Capela de Santo António situada na agora Praça D.ª Maria II. Como era bonita e como feia ficou na mudança para a Rua Alves Roçadas, ainda por cima, “emparedada” de ambos os lados!

quarta-feira, 3 de janeiro de 2024

Joaquim da Silva Loureiro (1936-2023)

“Nestas ocasiões costumamos louvar os que partem, enaltecendo as suas qualidades. Sobre esse aspecto , o município de Vila Nova de Famalicão, através da sua câmara municipal, decretou, muito justamente, dois dias de luto municipal e  divulgou um texto  bem ilustrativo. Merecem também ser lidos outros textos publicados nos meios de comunicação social e redes sociais. 

Permitam-me que, em brevíssimas palavras, em vez de um elogio fúnebre, diga o que no meu entender Joaquim da Silva Loureiro gostaria de nos dizer agora.

Diria desde logo:

Nunca, nunca desistam de lutar pela Paz no mundo e por uma sociedade livre, justa e solidária como ordena a nossa Constituição no seu primeiro artigo.

Cuidem do nosso Planeta que tão graves riscos corre com um crescimento desenfreado e desigual.

Diria também, na sua condição de crente, que tenhamos sempre bem presentes a encíclica Pacem in Terris do tão querido Papa João XXII e as encíclicas Laudato Sì e  Fratelli Tutti do Papa Francisco, que ele tanto admirava. 

Diria finalmente que tenhamos, crentes, não crentes ou agnósticos, uma qualquer forma de transcendência que dê sentido à Vida.

Vida  que ele deseja  que seja longa e  a melhor Vida para todos nós!

Obrigado, Dr. Joaquim da Silva Loureiro! “

Notas:

Estas palavras que, por incumbência da família, pronunciei, com emoção, no fim da missa de 28 de dezembro de 2023, na Igreja Matriz Velha de Vila Nova de Famalicão,  precisam de umas notas que seguem agora:

A vida de Joaquim Loureiro  desde que chegou à Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra,  na segunda metade dos anos 50 do século passado,   caracterizou-se pela luta contra a ditadura, sendo perseguido e preso e tendo vida difícil mesmo quando chegou a Famalicão na segunda metade dos anos 60 , incompreendido e criticado  por muitos por aliar a sua posição  política de democrata lutador por uma sociedade livre, justa e fraterna à sua condição de católico marcado pelo Concílio Vaticano II e pelo Papa João XXIII.

Proibido  de exercer a profissão de professor ( de que muito gostava)  e qualquer outra função pública por recusar aceitar as proibições que o regime lhe impunha,  foi na advocacia que encontrou a possibilidade de trabalhar e viver. Advocacia que desempenhou  com elevado saber, fruto de muito estudo, tendo chegado a pleitear no Tribunal Europeu dos Direitos Humanos em Estrasburgo.

Ao mesmo tempo que advogava, exerceu muitas outras actividades de interesse público, não cabendo neste espaço enumerá-las todas. Lembro apenas a presidência do  Famalicense Atlético Clube, cargo de que se demitiu para não prejudicar aquela agremiação, pois a câmara municipal de então ameaçava deixar de a apoiar se ele se mantivesse como presidente; a fundação  da secção de Vila Nova de Famalicão do Partido Socialista, logo em 1974,  defendendo sempre o socialismo democrático e sendo eleito vereador e mais tarde presidente da assembleia municipal, cargo que exerceu com muita dignidade; a direcção  do jornal Democracia do Norte, o primeiro fundado em Famalicão depois do 25 de Abril, tendo estado posteriormente na primeira linha da criação dos jornais  Vila Nova e Opinião Pública; devendo ser realçada, ainda, a  intensa luta pela defesa do ambiente como sócio e dirigente da Quercus.  

Nestes últimos anos, era grande o seu entusiasmo pelo magistério do  Papa Francisco e por duas encíclicas notáveis uma mais dedicada à nossa casa comum (Laudato Sì) e outra à fraternidade entre todas as pessoas (Fratelli Tutti). Lê-las ou reler será uma boa forma de lhe prestar homenagem.

(Publicado no OP em 3.1-24)