quarta-feira, 30 de agosto de 2023

Qual a opção da Câmara?

O QUE FAZ FALTA - Junto do nosso Hospital (São João de Deus),  num bom espaço livre que fica a norte,  há todo o interesse em construir uma unidade para tratamento de doentes que não necessitem de internamento em enfermarias,  libertando camas destas para quem delas  precise. Em alternativa, por iniciativa particular, será muito útil construir uma unidade de acolhimento de pessoas que precisem de cuidados que não possam  ter em casa. Uma ou outra destas opções (ou ainda outras) poderá ser concretizada e poderá até ser rentável para quem tome a iniciativa, contando com o apoio do Estado ou até sem ele. Disto precisamos, mas certamente não vamos ter.

O QUE DÁ LUCRO - O que vamos ter em Famalicão  é  com toda a probabilidade algo que não é necessário, mas dá lucro. Vamos ter mais uma superfície comercial dentro da nossa cidade para dar lucro a  quem pouco se interessa com o que é preciso para as pessoas. E não temos vozes a protestar. Vozes a lutar,  junto das  entidades públicas ( Estado, Câmara Municipal, Assembleia Municipal) e privadas (Santa Casa da Misericórdia e ACIF), entre outras, pelo que nos faz falta.

PROPRIEDADE PRIVADA – E não se diga que não se pode fazer nada, porque os terrenos são privados. A câmara municipal tem meios legais diversos ao seu dispor para orientar a utilização de terrenos que pertencem a particulares.

752 PESSOAS – Mais de 700 famalicenses assinaram um documento,  pedindo à câmara municipal a protecção do Hospital e a não construção de uma superfície comercial junto dele. Esse requerimento não mereceu ainda a resposta a que tem direito.

 PERGUNTAS À CÂMARA – Uma câmara democrática dá toda a atenção aos munícipes e responde sem demora às questões que este lhes coloca, quer sejam de ordem pessoal, quer de interesse geral. É assim que procede a nossa câmara? Vamos  procurar verificar, fazendo perguntas de que daremos  aqui informação.

BIBLIOTECA MUNICIPAL – OBRAS -  Mais uma derrapagem do prazo de obras no nosso município. Já deveriam ter terminado há muito as obras de requalificação e ampliação da Biblioteca Municipal Camilo Castelo Branco, mas tal não sucedeu ainda e não se sabe quando terminarão. Isto  é assunto a merecer interesse e averiguação  dos meios de comunicação social.

“BOLETIM MUNICIPAL” -  No mês de Agosto de 2023, em data indeterminada,  surgiu uma publicação da câmara municipal  a que esta,  por lapso ou ignorância da lei,  deu o nome de “boletim municipal”, uma vez que o nome mais adequado é boletim de publicidade (propaganda). Algumas  empresas privadas costumam, de vez em quando,  gastar dinheiro com coisas destas, mas fazem-no à sua custa. A câmara municipal fez o mesmo, mas com o nosso dinheiro. E nós deixamos, sem protestar…

PARQUE DE LAZER DE GONDIFELOS   É muito interessante o parque de lazer da freguesia de Gondifelos, junto do rio Este. Conheci-o este mês.  É um parque com bom  espaço,  ainda em crescimento, com árvores novas, equipamentos  e  sanitários públicos gratuitos. Também possui  um café/ restaurante. Chama a atenção uma casa e moinho abandonados. A junta de freguesia de Gondifelos dará seguramente a devida atenção a este parque, com o apoio municipal  que bem merece.

 

(Texto publicado no OP de 30.8.23)


segunda-feira, 28 de agosto de 2023

Notas Soltas II

 DIA 14 DE AGOSTO DE 1985 – Pela Lei n.º 40/85 de 14 de Agosto,  Vila Nova de Famalicão foi elevada a cidade. Faz agora 38 anos. Sem esta lei, ou outra posterior,  Famalicão ainda hoje não seria cidade. Diz a lei em artigo único, sem mais: “A vila de Vila Nova de Famalicão é elevada à categoria de cidade”. Lê-se ainda que  ela foi aprovada em 8 de julho de 1985, promulgada em 26 de julho e referendada em 31 de julho. Comemoramos a nossa elevação a cidade no dia 9 de julho, mas apenas por originalidade nossa, pois essa data não consta de qualquer documento oficial nem é seguida, que saibamos,  por nenhuma das restantes  10 vilas (sedes de concelho)  que nessa mesma data de 14 de Agosto de 1985  também foram elevadas a cidade.

HELICÓPTERO – Pela Editave tomei conhecimento de que, hoje, dia 9.8.23, chegou Vila Nova de Famalicão um helicóptero que vai sobrevoar Famalicão para apoiar nos incêndios. Está “estacionado” no Campus de Proteção Civil de Famalicão (Bairro). Benvindo e que seja acompanhado por uma  boa política municipal de protecção da floresta.

NÓ DA A3 – Quem sai do nó da A3 para a EN n.º 14 verifica que há grande movimentações de terra a poente. O que se está passar em concreto? Vai-se destruir mais um pedaço da natureza naquele local (Jesufrei ou São Cosme do Vale) ? Deveria  ser fácil saber, mas não é. A câmara não informa ou a informação não está facilmente acessível, como devia.

AVENIDA NARCISO FERREIRA – Chamaram-me a atenção para o facto de na Av. Narciso Ferreira, da cidade,  não merecer só reparo o edifício oco da esquina junto à Iris (que não se sabe bem de quem é), mas também o da esquina nascente, junto à Rotunda das Águas, edifício do “Morais”,  envolvido há anos com uma espécie de “pano” verde, coisa feia . Mais uma vez o desleixo está à vista.

 “CONTRATO LEONINO” – Pessoa atenta confidenciava-me que deveria haver um “contrato leonino” entre a nossa câmara e uma qualquer empresa que trata das árvores na cidade. Queria referir-se a um contrato em que a câmara paga e a empresa pouco ou nada faz. Não sei se esse contrato existe, mas que parece existir, parece. As árvores estão demasiado mal cuidadas na nossa cidade. Com contrato ou sem ele, também aqui o desleixo é evidente.

(Opinião Pública Digital - 

quinta-feira, 3 de agosto de 2023

Notas Soltas I

 

FÉRIAS - É bom ter férias, melhor fazer boas férias , mudando de ares ou viajando de terra em terra. Mas as melhores férias faz, quem mesmo ficando em casa, descansa com  saúde. Se dessemos à saúde o valor que ela tem, de  muito pouco precisávamos para viver bem.

QUATRO JORNAIS - A sede do nosso concelho tem quatro jornais impressos ( três semanários e um mensários). Nenhum se publica no mês de Agosto (salvo na última semana) .  É pena, ainda que o argumento seja válido: férias. Mas há outro: crise da imprensa.

DAMA DA NOITE – Quem passa em frente dos Paços do Concelho no passeio que para alguns é da Rua Adriano Pinto Basto para outros da Praça Álvaro Marques ( o que me parece mais certo) pode apreciar o perfume  de um arbusto plantada numa vivenda junto de uma  sociedade imobiliária. Vale a pena, mas só de noite. É a Dama da Noite…

DOM HENRIQUE – É um bom restaurante o D. Henrique de Joane. Vale a pena frequentá-lo. Tem comida tradicional bem feita e que tão boa é.

JOANE - A vila de Joane precisa de muitos cuidados urbanísticos. Cresceu desordenadamente e mal. Importa lutar por um plano de urbanização. Choca ver um belo edifício junto do restaurante D. Henrique (ficava bem qualquer cidade do nosso país) e ver o que está à sua volta.

ARTESANATO I – Muito há a dizer sobre a Feira do Artesanato e da Gastronomia. Tentaremos dar a nossa opinião. Opinião, claro!

CRÍTICA - Jornal local que não critica os erros do poder local não é um jornal,  é uma folha de publicidade.

  ( Não publicado - 3.8.23)

Identidade e Reabilitação do Hotel Garantia de Famalicão

As obras de reabilitação do ex-hotel Garantia estão em curso e louvei-as em texto

anterior (ver jornal Opinião Pública e blog com o meu nome). Entretanto e perante opinião que ouvi de uma pessoa ligada à Arquitectura pedi-lhe que me desse uma perspectiva da sua área sobre essas obras.

Eis o contributo que recebi e que, com pequenas alterações, transcrevo, agradecendo e assumindo toda a responsabilidade :

No edifício do ex-Hotel Garantia existe uma identidade e um conjunto de características inigualáveis que se devem preservar. Caso contrário será apenas mais um edifício comum, que tanto pode estar no cruzamento da Rua de Santo António com a Rua Adriano Pinto Basto em Vila Nova de Famalicão, como pode estar em Mirandela ou noutro sitio qualquer, sem referência e sem história.

Temos pena que não tenha havido essa sensibilidade pela parte do Projetista e do Promotor. Sendo esta uma Área de Reabilitação Urbana(ARU)/Plano de Ação de Regeneração  Urbana(PARU) de Vila Nova de Famalicão deveriam ser cumpridos um mínimo de requisitos previstos na lei, nomeadamente a preservação das fachadas e a manutenção de elementos arquitetónicos e estruturais de valor patrimonial.

Não se percebem estas intervenções na cidade que a vão descaracterizando ao longo dos anos. Para se conseguir um trabalho de excelência, tem que existir maior intervenção de todas as partes, não só por parte do Promotor privado como da Câmara. Um edifício com a relevância que o Hotel Garantia tem, precisava de ser alvo de um estudo mais cuidado.

Por que razão a Câmara, por exemplo, não orientou o Promotor para realizar um concurso de ideias? Sem tirar o mérito ao Senhor Arquiteto que projetou a intervenção, penso que Famalicão deve ter uma análise mais critica e valorizar mais o seu património construído que “reside basicamente em terem acumulado tempo, e não tanto na beleza nem na superioridade técnica ou artística do imóvel em si”, pois acima de tudo “a categoria do património, é o reconhecimento da sua pertença a um momento histórico passado, o sabermo-nos diante de algo que sobreviveu à história e que a testemunha, que se tornou, por isso, memória física, e que surge ante nossos olhos como matéria onde se preserva o espírito de um outro tempo” (Cláudia Henriques – Turismo, Cidade e Cultura: Planeamento e Gestão Sustentável, Lisboa, 2003, p.196)

E esse espirito de outro tempo, assim, desaparece...

(Publicado no Diário do Minho de 3 de Agosto de 2023