quarta-feira, 8 de julho de 2020

O dever de crítica da oposição

 

Escrevíamos no artigo anterior publicado neste jornal que câmara municipal do nosso concelho colocava, na imprensa local,  um anúncio que dizia : “Você não tem o direito de criticar a Câmara, tem o dever!”.

Era um anúncio bonito e correcto dirigido aos cidadãos. Mas, se estes têm o dever de criticar, o que dizer da oposição, ou seja, das forças políticas que num município não estão de acordo com  aquelas que ganharam as eleições? Têm de esperar quatro anos para se fazerem ouvir na proximidade de novas eleições? É claro que não.

A oposição (utilizamos esta expressão em vez de “as oposições” por maior facilidade) deve, a nosso ver, evitar cair em dois erros. Um é o de criticar por criticar. Outra, demasiado frequente, é o silêncio.  A experiência tem-me dito que, salvo talvez o que se passa nas sessões dos   órgãos colegiais, o silêncio é a regra.

                Da oposição espera-se que esteja atenta aos problemas do concelho e critique a forma como estão a ser resolvidos, se for o caso de não estarem a ser devidamente resolvidos. Espera-se ainda que aponte soluções para esses mesmos problemas, sempre que tiver capacidade e informação para isso.

                Precisamos de ver a oposição agir, desde logo nos meios de comunicação social, tomando posição sobre os muitos problemas que existem. Devia ser corrente a publicação de textos colectivos ou individuais  na imprensa e nos outros meios de comunicação (rádio e televisão), criticando o que entendessem criticar e mostrando ao mesmo tempo que fariam melhor se estivessem a exercer o poder. Também deveria ser frequente a realização de iniciativas como seminários ou conferências, mesmo por via electrónica.

                Será  preciso dizer quais são os problemas do nosso concelho, cidade , vilas e freguesias? Não estão eles bem à vista?

                Alguém dirá, entretanto, que os meios de comunicação social não publicam, que estão ao serviço do poder. Não basta dizer. É preciso provar e a prova só se faz enviando textos que sejam  recusados, sem fundamento adequado.

                Se tal suceder, se os meios de comunicação não se revelarem imparciais, há meios eficientes  de agir.

Os meios de comunicação social locais merecem, aliás,  uma referência particular em artigo a eles dedicado.

 

(Artigo de opinião publicado no Opinião Pública de 08-07-2020) 

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